
Excesso de Tela: Entenda Como Impacta a Saúde das Crianças

Excesso de Tela: Entenda Como Impacta a Saúde das Crianças
O que é considerado excesso de tela em crianças?
O avanço da tecnologia trouxe inúmeros benefícios para a sociedade, mas também novos desafios, principalmente quando falamos sobre o excesso de tela em crianças. Televisão, celulares, tablets, computadores e videogames fazem parte da rotina de milhões de famílias brasileiras. Mas até que ponto essa exposição é saudável?
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), crianças de até 2 anos não devem ser expostas a nenhum tipo de tela, e de 2 a 5 anos, o tempo deve ser limitado a 1 hora por dia. Já para crianças entre 6 e 10 anos, o recomendado é que o tempo de tela não ultrapasse duas horas diárias, sempre com supervisão.
Entretanto, com a rotina agitada dos pais e o apelo irresistível das telas para entreter, educar ou “acalmar” as crianças, muitos lares ultrapassam esse limite. Mas qual o impacto real disso na saúde infantil?
Quais os impactos do excesso de tela na saúde das crianças?
O uso excessivo de telas tem sido associado a uma série de problemas físicos, emocionais e sociais no desenvolvimento infantil. Veja a seguir os principais efeitos negativos:
1. Problemas de visão
O uso prolongado de dispositivos digitais pode causar a chamada síndrome da visão do computador (SVC), que inclui sintomas como:
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Olhos secos ou irritados
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Visão embaçada
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Dores de cabeça
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Cansaço visual

Além disso, a miopia infantil está aumentando mundialmente, e estudos relacionam esse crescimento ao tempo excessivo de tela e à falta de atividades ao ar livre. A exposição prolongada à luz azul emitida por telas também afeta a retina e pode contribuir para problemas oculares a longo prazo.
2. Alterações no sono
A luz azul emitida por celulares e tablets inibe a produção de melatonina, o hormônio responsável por regular o sono. Isso prejudica a qualidade do descanso e pode causar insônia, sonolência diurna, dificuldade de concentração e irritabilidade.
Crianças que usam telas antes de dormir costumam demorar mais para pegar no sono e apresentam um sono mais leve e fragmentado.
3. Déficit de atenção e aprendizado
Estudos mostram que o uso excessivo de telas, especialmente quando não envolve atividades educativas, pode prejudicar a memória, a atenção e o rendimento escolar. Isso porque:
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Há excesso de estímulos visuais e auditivos rápidos;
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Diminui-se o tempo dedicado a leituras, brincadeiras e tarefas escolares;
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Reduz-se a capacidade de concentração e resolução de problemas.
4. Sedentarismo e obesidade infantil
O tempo excessivo de tela está diretamente relacionado ao sedentarismo. Quando as crianças passam horas diante de dispositivos eletrônicos, elas deixam de praticar atividades físicas fundamentais para o desenvolvimento motor e saúde do corpo.
Esse comportamento sedentário, aliado a uma alimentação inadequada e consumo de alimentos durante o uso das telas, contribui significativamente para o aumento de casos de obesidade infantil.
5. Problemas emocionais e comportamentais
Crianças que passam muitas horas em frente às telas estão mais propensas a desenvolver:
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Ansiedade
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Depressão
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Agressividade
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Baixa tolerância à frustração
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Isolamento social
A exposição contínua a conteúdos violentos, irreais ou inadequados à idade pode gerar comportamentos disfuncionais e distorções na forma como a criança percebe o mundo.
Como identificar se a criança está passando tempo demais nas telas?
Muitos pais se perguntam: “Como saber se meu filho está viciado em telas?”. Aqui estão alguns sinais de alerta:
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Irritação ou agitação ao ser impedido de usar celular, tablet ou TV;
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Perda de interesse por brincadeiras ao ar livre ou interações sociais;
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Uso de telas durante refeições ou antes de dormir;
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Queda no desempenho escolar;
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Dificuldade de concentração;
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Comportamentos compulsivos.
Se você notou alguns desses comportamentos, pode ser o momento de reavaliar a rotina digital da criança.
Dicas práticas para reduzir o tempo de tela das crianças
Reduzir o tempo de tela pode parecer difícil, especialmente com tantas atividades virtuais na vida escolar e social das crianças. No entanto, com algumas atitudes práticas e consistentes, é possível equilibrar o uso da tecnologia e garantir um desenvolvimento mais saudável. Veja algumas sugestões:
1. Estabeleça limites claros
Defina regras objetivas, como:
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Nada de telas durante as refeições;
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Limite de uso diário (ex: 1 hora no máximo);
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Proibição de uso antes de dormir;
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Fins de semana com atividades offline.
Utilize ferramentas de controle parental para auxiliar na organização.
2. Seja exemplo
As crianças imitam o comportamento dos adultos. Se os pais passam muito tempo no celular ou no computador, a tendência é que os filhos façam o mesmo.
Reduza seu tempo de tela e envolva-se mais em atividades interativas com seus filhos.
3. Ofereça atividades alternativas
Incentive brincadeiras manuais, leitura, jogos de tabuleiro, esportes, passeios em parques e outras experiências que estimulem a criatividade, o corpo e a mente da criança.
4. Crie um “dia sem tela”
Escolha um ou mais dias por semana para desconectar. Promova atividades em família, como piqueniques, acampamentos na sala, contação de histórias ou sessões de culinária com as crianças.
5. Supervisione o conteúdo
Nem todo tempo de tela é prejudicial. Programas educativos, vídeos científicos e aplicativos pedagógicos podem ser aliados no aprendizado.
A chave está em selecionar bem os conteúdos e estar presente enquanto a criança assiste ou interage.
Quando procurar ajuda profissional?
Se o uso de telas estiver comprometendo a saúde, o sono, o desempenho escolar ou o comportamento da criança, pode ser necessário buscar orientação com profissionais como:
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Pediatras
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Psicólogos infantis
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Terapeutas ocupacionais
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Oftalmologistas (para problemas visuais relacionados ao uso de telas)
Uma avaliação multidisciplinar pode identificar possíveis transtornos e ajudar a reconstruir hábitos saudáveis de uso da tecnologia.
Tecnologia pode ser vilã ou aliada — depende do uso!
A tecnologia não é, por si só, um problema. O grande desafio é encontrar o equilíbrio entre o uso das telas e outras formas de aprendizagem, lazer e interação.
Com orientação, limites e diálogo constante, os dispositivos digitais podem ser utilizados de forma segura, educativa e saudável.
Conclusão: o equilíbrio é essencial para a saúde das crianças
O excesso de tela nas crianças é um dos grandes desafios da era digital. Os riscos à saúde visual, emocional, física e comportamental são reais — mas com atenção e estratégias simples, é possível promover mudanças positivas.
Lembre-se: o melhor presente que podemos oferecer às crianças é tempo de qualidade, presença ativa e oportunidades de aprendizado fora das telas.